O Processo da Ansiedade Sob Ponto de Vista Freudiano
- Aurivan Sergio J. Silva - Psicólogo - CRP 03/29780
- 7 de out. de 2020
- 3 min de leitura
Antes de entrar na abordagem do tema proposto, trago uma questão que pode suscitar dúvidas:
Há diferença entre angústia e ansiedade? Segundo alguns psiquiatras, sob a visão da genética, não existe diferença. Contudo analisando sob a ótica do fenômeno, na angústia, segundo relatos médicos, existe o predomínio de sensações de constrição e aperto no peito e na cabeça. Na ansiedade existe uma referência a expectativas negativas, que geram uma certa inquietação motora, provocando palpitações, tremores, abafamento respiratório. Segundo Pieron, psicólogo francês, falecido em 1964, na prática, os dois termos são sinônimos.

É comum nos depararmos com pessoas que estão vivenciando um estado de ansiedade, um estado que aflige uma quantidade crescente de pessoas pelo mundo. O ritmo que o ser humano contemporâneo imprime à sua vida contribui muito para estejamos neste papel: O Ansioso !
Sob o ponto de vista Freudiano, a ansiedade funciona como um aviso importante contra as possíveis ameaças contra nosso ego.

O nosso id, fonte da nossa energia psíquica, de nossa libido, formado por nossas pulsões, instintos e desejos inconscientes, teima em se manisfestar. Ele busca solução imediata para nossas tensões, pressões, não admite frustrações, nem conhece ou reconhece o termo inibição, é impulsivo, irracional, egoísta e visa o prazer.
Pois bem, a saber: A libido é posta em liberdade através da ansiedade.

Por toda essas questões pontuadas, controlar essa parte do nosso aparelho psíquico não é uma tarefa fácil.
Dois tipos básicos de ansiedade:
O neurótico quando se depara com uma situação, uma ideia, um fato cotidiano, que o mesmo não consegue lidar, reconhecendo de forma inconsciente, os perigos potenciais que podem advir do id, geralmente ligado a um pavor de uma possível punição, devido a um comportamento inadequado que tenhamos quando estamos sob o comando do nosso id, potencializa o surgimento do processo chamado de ansiedade neurótica.
Por outro lado, quando nossa consciência está ciente dos atos, das situações e escolhas que realizamos ou até que pensamos em realizar, que vai para o caminho oposto em relação aos nossos valores morais e éticos, é bem provável que sintamos culpa ou vergonha, desencadeando um processo conhecido como ansiedade moral.
Quando a ansiedade se instala, de alguma forma tentamos reduzi-la. Freud nos esclarece que nessa situação nosso ego constrói mecanismos de proteção chamados de mecanismos de defesa como segue:
1 - Negação: Ocorre quando uma pessoa com uma grave doença e eminencia de morte, nega a morte.
2 - Deslocamento: Se dar quando há uma transferência da ameaça dos impulsos do nosso id para outro objeto. Por exemplo: Uma pessoa nos faz algo que nos deixa extremamente irritados, por não conseguirmos externar esse sentimento à essa pessoa, transferimos para um familiar.
3 - Projeção: Dar-se quando atribuímos a outra pessoa nossos pensamentos inaceitáveis, nossas emoções menos nobres, como a cólera, raiva, inveja. Quando culpamos o outro por um fracasso próprio, aliviamos as pressões advindas do nosso ego, defendendo-o do processo de frustração.
4 - Racionalização: Ocorre quando damos um outro sentido mais racional à situação que nos ocorre e que gera a ansiedade, tornando-a mais aceitável. Ex: Um trabalhador é demitido, não aceita bem a demissão e suas consequências, e afirma categoricamente que o emprego não era para sua capacidade ou altura.
5 - Formação de reação, ocorre quando um impulso do nosso id choca com os valores morais, por exemplo, há uma tendência a um comportamento radical e oposto à esse impulso. Um exemplo clássico pode ser descrito quando uma pessoa que possui paixões sexuais intensas, pode tornar-se um combatente feroz e radical da pornografia.
6 - Regressão: É caracterizado pelo retorno aos momentos infantis, uma volta a uma fase edipiana. Pode vim acompanhado de comportamento de grande dependência do outro e a comportamentos infantilizados.
7 - Repressão: Há neste tipo de mecanismo de defesa uma negação da existência do fato, situação ou ideia causadora da ansiedade. Pode ocorrer esquecimento de lembranças que causem desconforto à pessoa. Estes conteúdos reprimidos vão ser "depositados" em nossa "caixa preta", o inconsciente.
8 - Sublimação: Há neste tipo de mecanismos de defesa um deslocamento dos impulsos do id para atividades mais aceitáveis sob o ponto de vista social. Neste caso a energia sexual (libido), é canalizada para a criação artística, para o trabalho, etc.
Bem, finalizo este breve texto indicando a seguinte referência bibliográfica, constante nos livros das obras completas de Freud, para quem deseja mais informações sobre este tema:
Inibições, sintomas e ansiedade [1926], Vol. XX
Ansiedade e Vida Instintual (Novas Conferências Introdutórias sobre Psicanálise, Vol. XXII, 1932/1933)
Sobre o Narcisismo - Uma introdução [1914]. Vol. XIV.
Conferências Introdutórias sobre Psicanálise. [1916]. Vol XVI.
Além do Princípio do Prazer [1920]. Vol. XVIII.
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